08/09/2011

O Alimento da Prática

O Sesshin é um retiro Zen Budista que acontece durante alguns dias, onde os participantes praticam Zazen (meditação sentado), Kinhin (meditação caminhando), Teisho (palestras formais), Oryoki (refeição em plena atenção).
Eu participei há alguns anos de um final de semana no Caminho do Meio em Viamão, com o monge Genshô. Foi uma das experiências mais interessantes que já vivi. Para começar fazemos voto de silêncio. Palavras não são permitidas e cá entre nós... dispensadas... Em segundo lugar a alimentação, vegetariana maravilhosa, nos dá energia para enfrentar as oito ou nove sessões de Zazen por dia (40 minutos cada uma - sentados de frente para a parede em total silêncio). O toque de Alvorada acontece às 04:30. Direto para o Zendô: sentar e meditar. A cada Zazen, uma caminhada - Kinhin - 10 minutos. A cada respiração dá-se  meio passo. Controle no começo, entrega no final. O alimento durante os dois dias e meio de Sesshin é o que nos mantém praticando, porque o corpo chega a um determinado momento que sucumbe. Primeiro vem as dores fortes, caimbras... depois todo aquele sofrimento passa a não ter mais importância e simplesmente sentamos. Mente vazia, limpa. Não sentimos mais dor. O foco sai dela.
Nesse processo todo o ritual de alimentar-se e o que se ingere tem fator fundamental na sobrevivência ao Sesshin. Sim, porque alguns não aguentam e vão embora antes de acabar o retiro. O que é comum e respeitado.
Antes das refeições lavamos as mãos agradecendo em uma oração (orações e perguntas nas palestras são as únicas palavras permitidas, assim como a recitação de sutras, que nos ajudam a constituir um vínculo com o grupo (Sangha). Cada um se serve em silêncio, observando com cuidado a quantidade que irá colocar em sua tigela (Oryoki) pois deverá comer tudo. Todos devem pegar uma fatia de pão para retirar todo o resíduo no final da refeição. A tigela tem que ficar praticamente limpa. Assim economiza-se água. Todos só comem quando o último se serviu e se sentou. Enquanto todos comem a plena atenção é praticada. O alimento é o que nos permite seguir praticando por isso deve ser respeitado. Todos os sons são ouvidos, os sabores identificados assim como os odores e as diversas expressões nos rostos das pessoas ao comer traduzem mais do que mil palavras.

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